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A terapia da viagem

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Tem dias na vida que você quer sumir, mas parece que entrar num avião já resolve.

Quem nunca teve o coração partido e resolveu fazer uma viagem para ver se curava? Uma amiga se decepcionou com um namorado, pegou um avião para a Nova Zelândia e nunca mais se ouviu falar no nome do sujeito que partiu seu coração. Aliás, voltou meses depois com um novo amor, argentino.

Às vezes a viagem tem mesmo esse poder de deixar no passado o que já é passado. Uma espécie de detox, um divisor de águas para começar uma nova etapa da vida.

Outra amiga, cansada do emprego infeliz que tinha há anos, pediu demissão, ligou para a Tam e perguntou: “O que você tem aí com essa quantidade de milhas para a Europa nos próximos dias?”. E assim, dois dias depois, embarcava para Roma sozinha com a intenção de viver o dolce far niente e então decidir o que faria a partir daí com a nova vida em suas mãos.

Eu já fiz o contrário. Pedi demissão de um emprego que detestava depois de uma viagem de oito dias no Caribe onde fiquei apenas deitada numa cadeira olhando para o mar azul e bebendo margaritas. “O que eu estou fazendo da minha vida” – me perguntava. Não tinha a resposta, mas sabia que estava tudo errado. Voltei e joguei o emprego para o alto depois da coragem que veio do México até aqui dentro da minha mala.

Não é que a viagem resolve o problema. Mas ajuda a ver as coisas sob outra perspectiva, esfria a cabeça e preenche o coração. Qual o problema de fugir de vez em quando se isso vai ajudar você a pensar melhor?

A viagem ajuda os solitários a conhecerem pessoas novas, famílias a se reconectarem, amigos a fortalecerem a amizade e casais a descobrirem de verdade se querem ficar juntos ou não.

E ainda existe a possibilidade de ser outra pessoa em qualquer lugar do mundo – um aventureiro no Himalaia, um cara mais culto na França ou um cara mais moderno em Berlim – você escolhe quem quer ser, se redescobre, se reinventa.

A ideia não é viajar para resolver um problema que, sabe-se bem, estará te aguardando na volta. Mas fazer a jornada pelo prazer da busca, pela possibilidade de expandir a mente e encontrar respostas mais simples para as aflições da vida.

De todas as razões para viajar, certamente esta é a minha preferida – enxergar a vida de uma maneira mais fácil diante da grandeza do mundo.

Fonte: viagem.estadao.com.br/blogs/amanda-viaja/a-terapia-da-viagem/

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